quinta-feira, 31 de março de 2016

Trilha da Memória na Igreja Matriz de Pacoti - CE

A narrativa a seguir foi escrita pelo jovem explorador Lucas Ferreira Lima, aluno do 2º ano do ensino médio da Escola de Ensino Médio Menezes Pimentel, Pacoti - Ceará.

A "trilha da memória" percorre os monumentos que integram o Ecomuseu de Pacoti!
(Igreja Matriz e o Antigo Cruzeiro em 1950. Acervo: IBGE).

Por Lucas Ferreira.
16 de março de 2016.    

       Estou há pouco tempo no projeto e tive a sorte de participar de uma trilha da memória pela cidade de Pacoti. Decidimos que a Igreja Matriz seria o marco inicial de nossa excursão, afinal ela significou um dos principais fatores para emancipação de Pacoti, já que na antiga legislação imperial o principal critério era a povoação ser sede de Freguesia (Paróquia). A Paróquia de Pacoti foi criada em 1885. Logo de início então tivemos a certeza que essa não seria uma "aula" limitada à questão religiosa! Atualmente, a Matriz é tombada como patrimônio cultural por lei municipal de 2002 e é um dos principais pontos turísticos do centro histórico de nossa pequena cidade. Sua padroeira é Nossa Senhora da Imaculada Conceição.



Nenhum detalhe passou despercebido, do entorno ao interior do templo!
    
     Ao chegarmos à frente do templo, o professor Levi Jucá tomou o papel de "guia" e nos instigou a observar os elementos que compunham a fachada da igreja, depois revelou o nome técnico e arquitetônico, assim como o significado simbólico de cada um. Ao adentrarmos na igreja, deparamo-nos com pequenas obras de reforma (mudança de pastilhas das paredes por cerâmica moderna), mas nada que atrapalhasse a nossa passagem. Assim, fomos descobrindo que sua estrutura foi mudada inúmeras vezes desde a capela primitiva e que uma das poucas coisas originais é a estátua do Cristo Crucificado, que se for olhada de perto tem a inscrição da doação dos antigos missionários lazaristas. Percebemos também que mesmo a cruz onde ele está é desproporcional ao seu tamanho, já que a cruz original era de madeira e foi substituída pelo fato de se desgastar ao passar dos anos.

Entre frisos, cornijas, frontão, colunetas:
O "vaso com palmas" que simboliza a vitória do Cristo Ressuscitado!
      
     Subindo a escadaria de madeira, nos dirigimos ao campanário (torre da campana, ou sino), e para chegar até lá passamos pelo antigo Coro (piso superior em que ficavam o coral e o organista). Ao chegar ao sinos o professor contou que o antigo sino da igreja era pequeno e se localizava na velha "torre" central da igreja (hoje inexistente), e quando foi substituído pelos dois que agora estavam, foi utilizado como almofariz (pequeno pilão de cozinha) por uma senhora que trabalhava na paróquia. Com uma trena métrica, mensuramos a altura e o diâmetro dos sinos, para descobrir o peso e a nota musical que reproduziam, fiquei espantado quando descobrimos que juntos os sinos pesavam 200kg e eles ficavam pendurados em um pedaço de madeira. O maior deles, fabricado em São Paulo pela Grande Fundição do italiano Ângelo Angeli, é datado de 1928, pesa 150kg e emite a nota RÉ SUSTENIDO.
Conferindo as medidas do grande sino.

    Vimos também que em ambas as laterais (ou naves colaterais) estendiam-se, no passado, passarelas de madeira nesse mesmo piso superior, chamadas de "tribunas" (hoje inexistentes, mas nas paredes ainda vemos marcas das linhas de sua estrutura). Era o local onde anteriormente a alta sociedade (ou grandes benfeitores da igreja) assistia as missas, em que eles não se misturava com a plebe situada abaixo na nave central. As tribunas foram removidas, mas as marcas das madeiras ainda ficaram nas paredes.


Nave Central e Altar-Mor, vistos do Coro superior


    Ao final da trilha o professor nos contou um pouco da história de padre Kiliano, e a homenagem que ele recebeu ao ser sepultado dentro da igreja que ele tanto ajudou sendo pároco por quase cinco décadas. Outra pessoa também foi enterrada ali, ao lado do altar-mor. Chamava-se Antonia Candida de Assis, falecida em 1917, benfeitora da Matriz. Esse era um velho costume, o de sepultar pessoas no interior das igrejas e que caiu em desuso com o advento dos padrões de higiene a partir da construção dos cemitérios distantes dos centros.

Juntos do busto do Padre Kiliano, de 1995, por ocasião de sua morte,
na Praça Monsenhor Tabosa, construída em 1985.

     Muitas outras coisas vimos, questionamos e aprendemos. No entanto, lamentei o fato de que a igreja matriz mesmo sendo tombada ainda passa por reformas, o que não deveria ocorrer, e sim apenas restaurações e manutenção. Mas infelizmente essa é a visão errada que a maioria das pessoas têm: achar que tudo que é novo e moderno é bonito, é o melhor... Não se dando o devido valor para aquilo que é antigo, que está desaparecendo e que é cheio de história! Desconhecida história!



Gostou da trilha?
Participe conosco!

Em breve agendaremos trilhas da memória e trilhas ecológicas no Ecomuseu de Pacoti para estudantes, visitantes e toda a comunidade!

10 comentários:

  1. Uma bela viagem pela história e pelo conhecimento. Parabéns ao jovem Lucas Ferreira, aos jovens exploradores e ao professor, historiador Levi Jucá.

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  2. Uma bela narrativa! Ao ler, é possível fazer uma viajem! Parabéns ����

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  3. Levi nos deu esse presente de poder voltar ao tempo,dando a oportunidade de mostrar a nossos filhos a história de nossa cidade.Muito bom ver as fotos e damos uma volta ao passado.Parabéns e que Deus abençoe nessa tua caminhada que faz tanto bem as pessoas,um abraço!

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  4. Muito bom. Poder voltar e descobrir sobre o nosso passado. Conhecer como,quando,onde e o que significa cada objeto, fiquei encantado com essa trilha que o Jovem Explorador me proporcionou. Ótima narrativa.

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  5. É bom saber que os jovens estão preocupados com a história de sua amada Pacoti.

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  6. Que grande e proveitosa exploração. Parabéns ao Lucas Ferreira: texto limpo e conciso; ensinamentos bem assimilados e bom interesse, próprio destes fantásticos Jovens Exploradores.

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  7. Que grande e proveitosa exploração. Parabéns ao Lucas Ferreira: texto limpo e conciso; ensinamentos bem assimilados e bom interesse, próprio destes fantásticos Jovens Exploradores.

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  8. Eu fiquei estupefato com essa sua narrativa, é surpreendente um jovem redigir um texto te altíssima qualidade e que ao ler me senti parte dessa aula, parabéns professor Levi Jucá por seu trabalho maravilhoso, e por último e não menos importante ao jovem Lucas Ferreira.

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  9. Fico feliz em saber q nosso querido pacoti está sendo um belo cenário para o eco museu,fui criada no município dessa cidade em areias e tenho um enorme carinho por essas terras,hoje resíduo em paracuru,mas sempre quando posso vou a minha cidade maravilhosa pacoti:Parabéns jovens exploradores...

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  10. Fico feliz em saber q nosso querido pacoti está sendo um belo cenário para o eco museu,fui criada no município dessa cidade em areias e tenho um enorme carinho por essas terras,hoje resíduo em paracuru,mas sempre quando posso vou a minha cidade maravilhosa pacoti:Parabéns jovens exploradores...

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