A narrativa a seguir foi escrita pelo jovem explorador Lucas Ferreira Lima, aluno do 2º ano do ensino médio da Escola de Ensino Médio Menezes Pimentel, Pacoti - Ceará.
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A "trilha da memória" percorre os monumentos que integram o Ecomuseu de Pacoti! (Igreja Matriz e o Antigo Cruzeiro em 1950. Acervo: IBGE). |
Por Lucas Ferreira.
16 de março de 2016.
Estou há pouco tempo no projeto e tive a sorte de participar de uma trilha da memória pela cidade de Pacoti. Decidimos que a Igreja Matriz seria o marco inicial de nossa excursão, afinal ela significou um dos principais fatores para emancipação de Pacoti, já que na antiga legislação imperial o principal critério era a povoação ser sede de Freguesia (Paróquia). A Paróquia de Pacoti foi criada em 1885. Logo de início então tivemos a certeza que essa não seria uma "aula" limitada à questão religiosa! Atualmente, a Matriz é tombada como patrimônio cultural por lei municipal de 2002 e é um dos principais pontos turísticos do centro histórico de nossa pequena cidade. Sua padroeira é Nossa Senhora da Imaculada Conceição.
Nenhum detalhe passou despercebido, do entorno ao interior do templo! |
Ao chegarmos à frente do templo, o professor Levi Jucá tomou o papel de "guia" e nos instigou a observar os elementos que compunham a fachada da igreja, depois revelou o nome técnico e arquitetônico, assim como o significado simbólico de cada um. Ao adentrarmos na igreja, deparamo-nos com pequenas obras de reforma (mudança de pastilhas das paredes por cerâmica moderna), mas nada que atrapalhasse a nossa passagem. Assim, fomos descobrindo que sua estrutura foi mudada inúmeras vezes desde a capela primitiva e que uma das poucas coisas originais é a estátua do Cristo Crucificado, que se for olhada de perto tem a inscrição da doação dos antigos missionários lazaristas. Percebemos também que mesmo a cruz onde ele está é desproporcional ao seu tamanho, já que a cruz original era de madeira e foi substituída pelo fato de se desgastar ao passar dos anos.
Entre frisos, cornijas, frontão, colunetas: O "vaso com palmas" que simboliza a vitória do Cristo Ressuscitado! |
Subindo a escadaria de madeira, nos dirigimos ao campanário (torre da campana, ou sino), e para chegar até lá passamos pelo antigo Coro (piso superior em que ficavam o coral e o organista). Ao chegar ao sinos o professor contou que o antigo sino da igreja era pequeno e se localizava na velha "torre" central da igreja (hoje inexistente), e quando foi substituído pelos dois que agora estavam, foi utilizado como almofariz (pequeno pilão de cozinha) por uma senhora que trabalhava na paróquia. Com uma trena métrica, mensuramos a altura e o diâmetro dos sinos, para descobrir o peso e a nota musical que reproduziam, fiquei espantado quando descobrimos que juntos os sinos pesavam 200kg e eles ficavam pendurados em um pedaço de madeira. O maior deles, fabricado em São Paulo pela Grande Fundição do italiano Ângelo Angeli, é datado de 1928, pesa 150kg e emite a nota RÉ SUSTENIDO.
Conferindo as medidas do grande sino. |
Vimos também que em ambas as laterais (ou naves colaterais) estendiam-se, no passado, passarelas de madeira nesse mesmo piso superior, chamadas de "tribunas" (hoje inexistentes, mas nas paredes ainda vemos marcas das linhas de sua estrutura). Era o local onde anteriormente a alta sociedade (ou grandes benfeitores da igreja) assistia as missas, em que eles não se misturava com a plebe situada abaixo na nave central. As tribunas foram removidas, mas as marcas das madeiras ainda ficaram nas paredes.
Nave Central e Altar-Mor, vistos do Coro superior |
Ao final da trilha o professor nos contou um pouco da história de padre Kiliano, e a homenagem que ele recebeu ao ser sepultado dentro da igreja que ele tanto ajudou sendo pároco por quase cinco décadas. Outra pessoa também foi enterrada ali, ao lado do altar-mor. Chamava-se Antonia Candida de Assis, falecida em 1917, benfeitora da Matriz. Esse era um velho costume, o de sepultar pessoas no interior das igrejas e que caiu em desuso com o advento dos padrões de higiene a partir da construção dos cemitérios distantes dos centros.
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Juntos do busto do Padre Kiliano, de 1995, por ocasião de sua morte, na Praça Monsenhor Tabosa, construída em 1985. |
Muitas outras coisas vimos, questionamos e aprendemos. No entanto, lamentei o fato de que a igreja matriz mesmo sendo tombada ainda passa por reformas, o que não deveria ocorrer, e sim apenas restaurações e manutenção. Mas infelizmente essa é a visão errada que a maioria das pessoas têm: achar que tudo que é novo e moderno é bonito, é o melhor... Não se dando o devido valor para aquilo que é antigo, que está desaparecendo e que é cheio de história! Desconhecida história!
Gostou da trilha?
Participe conosco!
Em breve agendaremos trilhas da memória e trilhas ecológicas no Ecomuseu de Pacoti para estudantes, visitantes e toda a comunidade!
Uma bela viagem pela história e pelo conhecimento. Parabéns ao jovem Lucas Ferreira, aos jovens exploradores e ao professor, historiador Levi Jucá.
ResponderExcluirUma bela narrativa! Ao ler, é possível fazer uma viajem! Parabéns ����
ResponderExcluirLevi nos deu esse presente de poder voltar ao tempo,dando a oportunidade de mostrar a nossos filhos a história de nossa cidade.Muito bom ver as fotos e damos uma volta ao passado.Parabéns e que Deus abençoe nessa tua caminhada que faz tanto bem as pessoas,um abraço!
ResponderExcluirMuito bom. Poder voltar e descobrir sobre o nosso passado. Conhecer como,quando,onde e o que significa cada objeto, fiquei encantado com essa trilha que o Jovem Explorador me proporcionou. Ótima narrativa.
ResponderExcluirÉ bom saber que os jovens estão preocupados com a história de sua amada Pacoti.
ResponderExcluirQue grande e proveitosa exploração. Parabéns ao Lucas Ferreira: texto limpo e conciso; ensinamentos bem assimilados e bom interesse, próprio destes fantásticos Jovens Exploradores.
ResponderExcluirQue grande e proveitosa exploração. Parabéns ao Lucas Ferreira: texto limpo e conciso; ensinamentos bem assimilados e bom interesse, próprio destes fantásticos Jovens Exploradores.
ResponderExcluirEu fiquei estupefato com essa sua narrativa, é surpreendente um jovem redigir um texto te altíssima qualidade e que ao ler me senti parte dessa aula, parabéns professor Levi Jucá por seu trabalho maravilhoso, e por último e não menos importante ao jovem Lucas Ferreira.
ResponderExcluirFico feliz em saber q nosso querido pacoti está sendo um belo cenário para o eco museu,fui criada no município dessa cidade em areias e tenho um enorme carinho por essas terras,hoje resíduo em paracuru,mas sempre quando posso vou a minha cidade maravilhosa pacoti:Parabéns jovens exploradores...
ResponderExcluirFico feliz em saber q nosso querido pacoti está sendo um belo cenário para o eco museu,fui criada no município dessa cidade em areias e tenho um enorme carinho por essas terras,hoje resíduo em paracuru,mas sempre quando posso vou a minha cidade maravilhosa pacoti:Parabéns jovens exploradores...
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